24 de jun. de 2011

12 - NÃO É MELANCOLIA








Não é melancolia.
Nenhum tipo de vaga tristeza
sem foco ou sentido objetivo de ser.

Não são saudades,
nem fugas da memória em rumo
a algo deixado lá para trás,
e agora envolto numa neblina de distância
que lhe retira a frescura da vida em primeira mão,
e o sabor - doutra forma inalcançável – da surpresa
sabiamente revelada pelo destino, passo a passo.

Não é falta sentida,
além das boas memórias enraizadas no meu cerne,
carícias assimiladas, hoje na génese das minhas escolhas.

Não é profundidade almejada
para os gestos simples, deixados simples,
que me revelam antes de serem contidos, sofreados,
em atenção, tantas vezes dolorida, aos outros.

Não é nada disso.
Mas talvez seja um pouco disso tudo,
um restinho do tanto que já disse,

do tanto que já me disse,
mas que sobrou, que não foi expresso em palavras,
e que se acabou ficando por um rápido etcetera.
Hoje decido que seja etletera.





(foto de Henrique Mendes)

2 comentários:

  1. Sempre acorre a outros e quando ocorre é ipsis verbis...

    Abração=Abjoão

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  2. Talvez não seja melancolia um pouquinho de saudade do que ficou para trás. Talvez seja saudade do que ainda nem foi vivenciado, do que ainda há por vir e que se consente sonhar.
    Belíssimo poema, meu caro amigo Henrique, como são todos os outros de sua lavra.
    Um abraço,
    Celêdian

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