10 de jul. de 2020

182 - OS MEUS POEMAS







São como fotos, os meus poemas.
Tentam captar momentos,
todos eles únicos, de um tema 
ou de um sentimento 
que o substitua.


Se fossem perfeitos,
teriam não só a imagem
mas a cor e os cheiros,
o toque e o sabor ,
o sentimento 
e a aspereza quase táctil
da realidade…


Mas são só poemas,
a sua verdade é só a minha,
e a minha arte  
é apenas um passo pequeno,
fugaz e miúdo,
em todo esse chão por percorrer.


São só poemas, e estão
tão longe dessa perfeição
que, escrevê-los,
apenas entorpece a dor 
de não já saber mais
como fazê-los melhores,
e realça o travo amargo 
do limite descoberto.                                          
                                                                                                        
Mas eles são a mancha
amorosamente roxa
no meu braço nu.


A veia  repetidamente furada 
rumo ao fim.
São o meu maior vício!


São um presente que, 
vaidoso que sou,
partilho com os outros
- mas me dou a mim!


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