30 de set. de 2017

153 - REGRESSANDO SEMPRE







Às vezes perco-me de mim 
e espalho-me por aí, nos acasos 
de uma deriva sem rotas. 
Aporto onde a mente me leva,
numa embriaguês de instantes,
apenas durante o tempo que ela precisa 
para perder-se de si
e derivar também, como eu,
como se nos fundíssemos
e diluíssemos numa vaga maré
de algum oceano desconhecido, 
banhando outras costas,
muito além do previsível e do necessário 
- lá, onde não chegam as grandes questões
sem a menor importância.
Perambulamos nesse nada, difusos,
até que algo nos chame de volta
e nos traga até à consciência,
unos de novo.
Depois perdemo-nos como um só
nos detalhes do que a vida traz, 
e súbitamente encontro-me comigo
num momento especial
nascido duma cronologia de instantes
mínimos que se somaram até
se concretizarem no meu espanto.

E tudo isso forma uma história,
uma narrativa independente 
daquilo que o destino, afinal, é:
-o eterno espanto 
de um  regresso a nós.

COPYRIGHTHENRIQUEMENDES/2017

.

16 de set. de 2017

152 - WILL I EVER ?



Will I ever be able to tell you
where my thoughts went?

Will I ever be able to show you
how to see the colour 
of that fine line 
drawn by our little boat sailing ashore
between the water mirror, the mist
and a time we claimed for us
and wanted to be more?

Will I ever let my fingers 
caress your skin and lips
like if they owned your will and lust,
and make your soul believe and trust
the opportunity dug in centuries 
of hungry soul and feelings echoes?

Did our little boat sail ashore?
Will you ever listen ?
Will your eyes ever shine from desire ?
Will time close upon us 
like hands in a prayer ?


COPYRIGHTHENRIQUEMENDES/2017