13 de jun. de 2011

10 - FIM DE DIA



Desço os degraus da rotina.
Vou pousando a caneta.
A brisa trazendo as regras do mundo.
Sopros difusos e entardecidos.
Vozes indistintas ainda vagas.
Coisas que capto sem querer.
O fim da tarde impondo-se.
Sons repletos dos outros.
Vontades além das minhas.
Gritos que não os meus.
Caminhos abrindo-se nos sons.
Pensamentos fugindo á vontade.
Pressa na luz que foge.
Tensões feitas de horários.
Aves mais silenciosas e mais raras.
Flores de outros tons.
A vida mudando de cor.
Poetas adiados.
Escritos incompletos.
Objetos que demoro a reconhecer.
A outra vida já chegando.
Os ritmos já mudando.
Ajustes sendo feitos.
Idéias a guardar em vão.
Perdida a centelha motriz.
Assumida a hora real.
A mudança que castiga.
O fim tangível do caminho.
O retorno inabalável á esperança.
O carinho da vida a dois.
Campos rasos e chãos.
Espaços abertos para a outra metade.
A mesa farta que me aguarda.
Mas, amanhã, eu volto!

2 comentários:

  1. Gostei imensamente deste poema. É o retrato do cansaço, da aceitação, e da esperança. Conseguiu reunir tudo num poema único e lindo! bjs

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  2. A rotina correndo hora a hora, dia a dia, os sonhos adiados e o tempo impassível assiste a tudo numa indiferença tamanha ao que se pretende insistir e persistir apesar de todas as coisas.

    Belo, muito belo, poeta.
    Meu abraço,
    Celêdian

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