9 de jan. de 2017

136 - SEMPRE HÁ UM MOMENTO


Sempre há um momento
-madrugada que seja, ou não, que importa?-
em que  começa todo  esse pulsar de coisa nova,
tudo isso que sabíamos que ia acontecer…

E do lado de lá do rio que então nasce,
-de lágrimas que seja, ou talvez de risos,  
ou apenas céu disfarçado de rio, ( que importa?),
tão largo, tão fundo, tão cedo ou tarde já… -
vemos os nossos céus nos reflexos  mais diversos
dessa imensa  água única que vai indo, indo,
e que aos poucos se agiganta e se afasta,
ainda tão próxima ao gesto, ainda tão nossa,
e,  apesar disso, já tão vasta…
que um futuro  recém deixado de o ser
desaba finalmente, decididamente,
já com ares de agora -ou de há pouco , que seja.
Talvez de ontem. Será que importa?-

Cabe num instante do rio, a mudança das nuvens 
que levam escondidos na água os mistérios
desses céus  tão maiores que nós.

Cabem os destinos das chuvas e das colheitas,
e os olhos cintilantes das noites traindo
os sonhos distantes que as estrelas têm
quando nos contemplam lá de cima,
abstractamente…

- e, além de tudo isto, ou  de algo que assim seja,  
o que haja, se o houver, será que importa ?

foto e poema: copyrightHMendes/2017




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