26 de jul. de 2013

81 - LIVROS DIGITAIS






 Queria comprar um tablet, há uns tempos atrás. Pesquisava a esse respeito num oceano de promoções todas elas tentadoras,  quando uma delas me  atraiu olhar com uma frase simples, lançada quase com displicência para o meio daquela efervescência toda, das marcas, dos números, das vantagens:  - Compre um dos nossos, e ganhe dois milhões de livros. Intrigou-me. E fez com que uma outra questão acabasse por impor-se a tudo o que estava fazendo: - o livro, tal como o conhecemos, que futuro virá a ter ?





Pesquisei um pouco mais, e acredito que acabei comprovando uma frase de há muitos anos: “a inevitabilidade do futuro está naquilo que já aconteceu”. Sim, é bem possível que esteja.


Na minha pesquisa, não sei se válida, encontrei aqueles que acham que nada, nunca, virá a ocupar o lugar do livro tradicional: - de papel, na estante ou no colo, agradável ao toque, com algum eventuais anotações
românticas escritas à mão entre as páginas já algo amarelecidas…

Mas encontrei argumentos fortes, também, acerca de florestas dizimadas em favor de livros que, aos milhões, são postos de lado tão logo perdem a actualidade técnica. Encontrei imagens fortíssimas de  armazéns imensos cheios de caixas de livros provenientes de doações, classificados, separados, esperando utilidade em algum lugar que, aparentemente, tarda em surgir.


Milhões também.  Imagens que se repetem em várias cidades de vários países lidando com esse mesmo problema de espaço, real e contundente, impossível de ignorar, e de que se fala pouco.






Numa tentativa de resumo, colocaria de um lado os que ainda estão discutindo a sua preferência pelo livro escrito tradicional, ou pelo electrónico. Como se fosse estética – e não deixa de o ser – ou emocional, essa escolha que parece ainda existir.


No meio, colocaria quem já me oferece dois milhões de livros na compra do tablet, menor que um livro, e capaz de os ler a todos… Cada um deles custando mais barato, sem custos  ambientais tão visíveis, e quase com a mesma portabilidade, além de outras vantagens e defeitos.

E no outro extremo, contrapondo-se de alguma forma – mas firmemente - uma mistura que ainda estou classificando. Imagens difusas, de pessoas. Velhos, crianças. Franjas sociais, sem escolas nem livros. Faltas de oportunidade e oportunidades desiguais. Imagens de livros em língua estrangeira a eles, excedentários… Imagens e questões de todos os tipos, sobrepondo-se.

Razões  pelas quais me questiono quem é quem, nesta crónica chamada mundo, que vamos escrevendo dia após dia...Quem é o excedentário ? E para quem, depurada e criteriosamente, escrevemos nós afinal ? Será sempre para um mesmo público, feito de nós próprios ? Os do costume ? E valerá a pena ?


(fotos:  Google, autoria desconhecida )

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