26 de jul. de 2013

75 - FIM DE VERÃO






Há um fim de verão, nas ondas do meu mar.
Um calor que é meu, e diferente,
que extraí  e sintetizei, como seiva fosse,
das profundezas formidáveis dos momentos.
Das andanças por lugares só meus,
que percorri de mãos dadas com um fado
muito maior que o meu destino.
E que agora são já caminhos.

Há , sim, um fim de Verão, nas ondas do meu mar.
Mas sou já Outono.
Quente, ainda, e carregado
com todas as cores do Verão.
Sem folhas  soltas correndo pelo chão, fenecidas,
arrastando-se sobre as pedras lisas
com o som grave do fogo crepitando nas fogueiras.
Porque minhas folhas , são sonhos que o vento leva,
e em cada uma delas a minha paixão desmesurada:
- meu grito de amor que nada, nunca, igualará.

Por isso, minhas folhas irão tendo de mim mais do que eu.
Levar-me-ão em todos os poemas que eu for sendo,
e talvez por mim acendam estrelas, únicas como diamantes,
dando vozes a silêncios e madrugadas.
Eternizarão brilhos de vela em olhos lindos,
raízes de memórias em flor ladeando trilhas de tempo.
Areias quentes em enseadas de prata incontrastada.
Bosques de gestos frondosos, regendo um enorme concerto
de milhares de ternuras subtis,  sincronizadas
pelas partituras voláteis dos momentos …
Talvez por isso aquele tronco desnudo lá na frente,
qual maestro,  pára-raios da estranheza
sob um luar de todas as descobertas.

Imperceptíveis  na noite do deserto, alastrando-se,
dunas e veludos,  em narinas de camelos…

E por isso, só por isso,  jamais serei  Inverno.


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