29 de jul. de 2015

110 - TARDE QUENTE




Pisei naquela linha distante...
Naquele limite onde o tempo se rasga
e a vida fica algo estranha,
e todos os valores cedem um pouco,
se acomodam e ajustam
com aquele som de pano puído
que finalmente se esgaça,
abdica da complexidade objetiva da trama
e se reduz a fios soltos.

Isolados, são fios também,
mas não são mais aquela rede colorida
onde sonhei adolescências
em tantas tardes de calor inquieto.

Isolados, não me darão nunca mais
aquele balanço ocasional,
sem ritmo nem persistência,
que um calcanhar esquecido no chão
imprimia ocasionalmente.

Isolados, são apenas fios
retomando a sua identidade própria,
mas meros detalhes, apenas, duma história
que só juntos poderiam contar:
a minha história, de mim.

Isolados, são como palavras desconexas,
que não formam frases.
Que, no máximo, soam à saudade
duma rede balançando em
tarde quente...

(2009 revisado )




3 comentários:

  1. Querido y admirado Poeta: Creo que tienes todos los hilos en tu mano, para mover las fibras más sensibles del corazón de quien te lee. Un abrazo fuerte y cariñoso.

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  2. Dorothy Carvalho31/7/15 9:27 AM

    Bom dia amigo querido. Teu poema é a expressão da fina escrita.
    No labor do escrever o poeta perquire a meada e dela o fio. E a beleza aflora como o dia e seu itinerário. Meu carinho.

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  3. Dorothy Carvalho31/7/15 9:28 AM

    Bom dia amigo querido. Teu poema é a expressão da fina escrita.
    No labor do escrever o poeta perquire a meada e dela o fio. E a beleza aflora como o dia e seu itinerário. Meu carinho.

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