Ou talvez ela não exista.
Talvez nem haja, 
entre o cume e a nossa vontade,
um caminho maior que os primeiros passos,
de entre tantos ascendendo sempre.
E todos eles sob o encantamento 
desse ritmo atávico da estrada longa,
inescapável, e a perseguição
errática 
das folhas perdidas  pelos outonos 
que nos acompanham.
( Ou, quem sabe, dos dois, movendo-se
lânguidos,  numa orgia lenta
de divindades estranhas.)
Ou então não passam de restos,
apenas,
poeiras e folhas, ou memórias e
momentos,
brisas e coisas assim mais simples
e sem graça mais profunda, 
como frutos de acasos 
e porque sim’s. 
E do caminho nascido dos passos
andando,
do cume ermo e estreito, 
agora sem subida e sem momento, 
nem paisagem que não seja de descida,
talvez não precisemos  mais 
do que o mero tempo 
para um gesto vago, de adeus.
Mesmo que não tenha importância 
para que lado o aceno acontece, ou a
quê,  
ou a quem, ou qual a história perdida,
tão frágil e única, que fica por
contar.
Ou que outra, subindo a montanha,
tecemos em fios de ouro e fiapos de
sonhos
maiores que as nuvens amarelas
dos desertos sem pegadas nem limites…

Magnífico, amigo Henrique.
ResponderExcluirMuitas vezes esses momentos de desencanto são como um mergulho...mas temos de voltar sempre, aspirar de novo o ar e viver!