1 de abr. de 2012

38 - BOLA DE SABÃO


Caminhava pela vida normal afora
quando  percebi  toda a mentira...

Então corri depressa para o Café, sentei-me,
e deixei que se instalasse completamente
essa campânula transparente de isolamento  elástico
que ainda não tinha visto antes,
e que,  em mim,  não passava de uma suspeita
-mas que realmente nos cerca, etérea,
roçando-nos em suave evanescência,
quase brilhante como uma bola de sabão.
Ou que nos envolve  como uma aura,
para os mais místicos.
Que nos acompanha os gestos, 
e permite tocar, cumprimentar,
sem inibir o tato, a carícia, o gesto intimo...
Mas que nos separa dos outros, tão cansados,
tão previsíveis, tão solitários em grupo...
- e tão fora da bola de sabão.

Foi assim que olhei a cidade e os passantes.
Pela primeira vez  com esses  novos olhos, 
preparados para ver bolas de sabão.

Não...
O sabor do café não mudou!


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