23 de jan. de 2018

159 - INFINITUDE




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O poema afastou-se, depois
de ter assomado ao longe
numa promessa imensamente
vaga de que ia chegar.


Percebi quando se agarrou
a um detalhe qualquer
e se esfumou em sólidas
concretudes inadiáveis.


Deixou um lamento.
Tinha nascido igual a todos,
um fantástico poema único
ainda por ser de facto.


E deixou um buraco no mundo,
mesmo que as casinhas ao longe
ainda desenhem sorrisos alegres
na face da montanha repetida.


Com ele foi-se o mistério,
o traço insubstancial e fino
com o qual se adequa o mundo
ao bem estar do espírito.


E assim perdeu a voz
aquela chama, apenas nascida,
de algum pormenor singular
levemente ao lado de algo.


E adiou-se o poeta, é claro,
no seu ofício extraordinário
de trazer para o mundo
a poeira encantada das estrelas.



copyrightHenriqueMendes/2017


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