7 de ago. de 2011

16 - MENOS GLÓRIA








Encontro cada vez menos glória
na glória das manhãs.
E menos limpidez nesses céus
onde o azul era tão puro,
que as pequenas  nuvens brancas
pareciam não passar de erros
realçando a perfeição.
Agora, parece que encontro menos
daqueles verdes com que a terra-mãe
se canta em alegrias, e sinto menos alegres
todas as outras cores
com que florescem, pujantes,
os  seus segredos  incontidos.
Estão soando monocórdicas,
as vozes dos passarinhos...
-alguma vez terão sido mais
do que imprevisíveis e alegres,
ou foram sempre assim,
uma algazarra desconexa de piu-piu-pius
a quem a nossa imaginação
se encarregou de atribuir significados ?
Não estou encontrando caminhos 
para os meus passos de poeta.
Idas rumando a algum lugar
que faça ainda um mínimo de sentido,
onde não me perca de mim,
nem da história que escrevi  com a alma,
mais do que com o corpo,
em cansaços e cicatrizes.
Nas sombras das raras árvores
dos meus caminhos,
não há mais recantos de poeira intocada,
entardecendo melancolias.
Não há fontes  sem lixo,  cristalinas 
e acolhedoras  a um repouso,
nem curvas de rio onde  as águas  remansem
em brilhos de prata
as histórias dos lugares a montante,
em noturna languidez,
ou onde acolham meu banho cansado,
purificador, ao luar.
Está cada vez mais difícil.
Bruxuleia  a  verve.  O gênio diluido no sangue. 
O dom.
Os poetas já dizem pouco.
Dos poetas, já dizem tudo.
As lojas,
em breve venderão fantasias de poeta,
como vendem de dinossauros
– extintos  e na moda.
Um  poetosaurus-rex. 
Um tiranegócio-rex, às vezes, em rima...
Não sei se vale a pena.
E nunca pensei se tenho escolhas !

( imagem colhida na net, sem créditos )


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