Jamais te sonhei  mar,
imensidão,  infinitude.
Mas sempre ambicionei 
que em ti o meu nado 
fosse poema e deslumbramento,
carícia total em gesto conhecido.
Elegância escolhida sempre.
Sempre quis  que as palavras 
fossem passos paralelos dando voz
a caminhos  convergindo  ao sublime.
Por isso nunca me seduziram os murmúrios
nem as mensagens pouco firmes  das lágrimas,
em  emoções que a dúvida profana.
Por isso nunca  olhei  menos longe
que a distância confortável da abstração,
onde se difusam  as formas e os medos.
Por isso nunca disse em sussurros
o que o peito me ordenava aos gritos.
Por isso tantas vezes calei a alegria
da erva molhada das manhãs,
insisti em não entender céus luminosos
e fiz-me surdo a  dobrados de sinos bucólicos,
que me remetiam a outros tempos
- onde o tempo ainda não era um luxo
e, resultando de um lento passado,
preconizava um futuro
onde tudo estava por escrever.
preconizava um futuro
onde tudo estava por escrever.
( Henrique Mendes )
.

Meu caro amigo Henrique,
ResponderExcluirO contraste entre imensidão do mar e o gesto simples e singelo de um nado nele, conduzindo à certezas íntimas, de tudo o quanto se quis, de tudo que foi silenciado e que de repente se revela como grito da alma. Tudo, todas as palavras e imagens fizeram desse texto, confessional talvez, a mais fina poesia.
Sempre muito prazeroso sorver da sua poesia, meu amigo poeta.
Um abraço,
Celêdian