25 de dez. de 2016

134 - SONETO DO VENTO (25.12.2016)




Se houver na vastidão desse horizonte sem abrigo
outros  caminhos  por onde  soem os meus passos
talvez não seja só a vida, que me leva  nos braços,
e me descubra também cumprindo um fado antigo.

Algo assim como se fosse um destino, só mais forte.
Voz  troante  de dentro, impossível de desobedecer,
indo além da razão, da ponderação, e até do querer
- sortilégio profundo forçando-me  a um outro norte.

E erra quem me escutar algum lamento ou queixa.
Não temo  ser um dos tantos que também  que sou,
nem fujo do destino que me leve para onde eu vou.

E se houver no vento alguma voz, ou alguma deixa,
que importa como se desenrola a peça, ou se acaba?
Se é destino, ou se é fado - ou mesmo se não é nada…


copyrightHenriqueMendes 2017