Comecemos devagar.
Afinal, temos pela frente todo o tempo que houver.
Por isso que haja prazer nas nossas lentidões
-e um saborear do tempo em langores de infinito.
Que a chuva seja mais
que a bênção da água:
-uma nota perfeita, soando no telhado
que nos abriga onde
estivermos.
E que entendamos a paz das coisas,
num abrir de espírito a tudo o que nos cerca,
enquanto sentimos as
plantas dançarem em verde
as alegrias da fertilidade profunda que lhes chega.
Ouçamos a risada livre dos córregos felizes
a caminho de algum destino remoto,
tão fundamental que
dele dependem rios e mares,
e mais tarde nuvens, que choverão instantes.
Comecemos devagar,
como se fossemos escrever nelas tudo o que importa
sem medo de que algum
vento chegue
e lentamente espalhe por outro horizonte qualquer
o que para nós era tão precioso como pó de estrelas.
E que encontremos na luz coada do fim dos dias
o espaço sagrado que reservamos ao fundamental,
algo tão único, tão pessoal, e tão exclusivo
que nos rodeia como uma oração,
- um muro que deixa do lado de fora
do que escolhemos para nós
o oportunismo de alguns e tudo o que nos faz mal.
Comecemos devagar.
Aprendamos com o tempo.
Afinal, temos todo o que ainda houver!
E nele nos gastaremos, nas pequenas batalhas
cujos resultados vão escrevendo no mundo
aquela que é realmente a nossa história
- de que alguns falam como se fosse destino,
ou nela não houvesse anseios e suor.
Comecemos devagar…
(FOTO DE AUTORIA DESCONHECIDA.copyrightHenriqueMendes/2017)
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