Um
dia decidi levar-te, Poeta, aos lugares onde se passaram histórias das quais já mal me lembro. Clareiras de luz diferente
no meio do bosque que, entretanto, se agigantou em tons de verde pardo e
tapetes espessos de caruma antiga.
Terias
apenas de descobrir os gestos de acariciar as pedras que os Poetas acariciam,
tão conformes às suas mãos tacteantes, sensoriais.
Terias
apenas de enfiar-lhes os dedos por baixo do musgo, aos poucos, em carícias cada
vez mais íntima, até lhes sentires nas palmas das mãos os formatos
arredondados, e te maravilhares tu também com o calor suave emanando delas, em
secretíssimos prazeres.
Darias
voz ao mutismo das sombras das árvores, que até aí dançavam só para mim. E mais
brilho às lágrimas de resina com que ocasionalmente as árvores se traíam por
entre a rude casca, em emoções de árvores, dissimulando a sua humanidade.
Quis
levar-te e partilhar contigo momentos especiais. Talvez exibir-me um pouco.
Talvez, ufano, quisesse que me visses
terminar de crescer, e fosses testemunha de um novo caminho, iniciando-se.
Só
não esperava ser incapaz de surpreender-te, novamente. De ouvir-te as mesmas
palavras como látegos, sibilando até me atingirem a alma com a fremência das
coisas, num paroxismo particular dos sentidos.
De
permanecermos dependentes e paralelos, depois de tudo, - dentro do acordo que
um dia criamos juntos, e ao qual, um outro dia, eu daria um fim. Acordo do qual
hoje desisto.
Sigamos,
pois. Juntos, sim!
Nas
mesmas veias, na mesma verve. No mesmo eco do Tempo…
(Tempo…Tempo…Tempo…)
reverberado entre palavras de rocha viva…
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