5 de nov. de 2012

55 - COR DESTINO






Talvez haja palavras mais além das palavras mais simples.
Que me expliquem mais em azul, quando quiser  dizer  “céu”,
ou que  façam mais verde a erva  nos campos
por onde galopa, disparado, esse cavalo que monto
rumo ao mais lento de todos  os destinos.

Há-as  mais claras, mais veementes e mais belas.

Mas eu  sou caminheiro antigo,
e busco-as  nas curvas  feitas pelos  caminhos,
nos segredos da poeira  mil vezes levantada,
que mil vezes assentou lentamente sobre o mundo,
-e mil vezes revelou detalhes preciosos
de histórias que ninguém contou.

Venho  dum tempo
em que as palavras eram fáceis e iguais,
preciosas, fáceis de usar.

Soavam, diziam.
e não contavam histórias.

Hoje conto, de todas as vezes,
cuidadosamente,
o preço que pago para que as contem.

E digam exactamente
que cores quero no meu céu,
e como pinto o meu destino.

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