Jamais te sonhei mar,
imensidão, infinitude.
Mas sempre ambicionei
que em ti o meu nado
fosse poema e deslumbramento,
carícia total em gesto conhecido,
elegância escolhida sempre.
Sempre quis que as palavras
fossem passos paralelos dando voz
a caminhos convergindo ao
sublime.
Por isso nunca me seduziram os
murmúrios
nem as mensagens pouco firmes das
lágrimas,
em emoções que a dúvida profana.
Por isso nunca olhei menos longe
que a distância confortável da
abstração,
onde se tornam difusas as formas
e os medos.
Por isso nunca disse em sussurros
o que o peito me ordenava aos
gritos.
Por isso tantas vezes calei a
alegria
da erva molhada das manhãs,
insisti em não entender céus
luminosos
e fiz-me surdo a dobrados de
sinos bucólicos,
que me remetiam a outros tempos
-onde o tempo ainda não era um
luxo
e, resultando de um lento
passado,
preconizava um futuro
onde tudo estava por escrever…
CopyrightHenriqueMendes2017
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