6 de jul. de 2022

195 - JAMAIS TE SONHEI MAR...

 




Jamais te sonhei mar,

imensidão, infinitude.

 

Mas sempre ambicionei

que em ti o meu nado

fosse poema e deslumbramento,

carícia total em gesto conhecido,

elegância escolhida sempre.

 

Sempre quis que as palavras

fossem passos paralelos dando voz

a caminhos convergindo ao sublime.

 

Por isso nunca me seduziram os murmúrios

nem as mensagens pouco firmes das lágrimas,

em emoções que a dúvida profana.

 

Por isso nunca olhei menos longe

que a distância confortável da abstração,

onde se tornam difusas as formas e os medos.

 

Por isso nunca disse em sussurros

o que o peito me ordenava aos gritos.

 

Por isso tantas vezes calei a alegria

da erva molhada das manhãs,

insisti em não entender céus luminosos

e fiz-me surdo a dobrados de sinos bucólicos,

que me remetiam a outros tempos

-onde o tempo ainda não era um luxo

e, resultando de um lento passado,

preconizava um futuro

onde tudo estava por escrever…


CopyrightHenriqueMendes2017


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