Somos assim, semeadores...
Quem nos olha não vê, nem imagina que
exista,
nos gestos com que enchemos os dias,
esse algo mais, composto da subtil essência
com que os dias nos enchem a nós.
Vistos de fora, somos apenas mais uns...
Sentados nos degraus de pedra quente,
no improvável silêncio da noite mais
improvável,
nada nos ressalta nem enaltece,
nem ninguém
nos aponta com o dedo,
em estranheza ou em estranho receio.
E também ninguém sabe,
nem ninguém adivinha, que,
no calor da pedra,
no calor da pedra,
absorvemos a história da escadaria.
Nem é visível, nos nossos passos erráticos,
o carinho com que tornamos nosso
o percurso dos passos com que tantos
outros,
lhe subiram os degraus, antes,
ou os desceram rapidamente,
em
fortuitas lógicas de vida,
e que depois se espalharam pela cidade
como se fossem inconseqüentes...
Por isso, tantas vezes, não se entendem
os sorrisos vagos , nas nossas faces,
ou os cenhos carrancudos da nossa zanga...
Por isso, tantas vezes, nos criticam
os braços erguendo alto algum brinde,
sem verem que é o momento único,
que mais ninguém viu ou cantou,
que queremos congelado
antes que passe e se esfume
sem que nada lhe dê voz...
Porque é isso que somos:
-Testemunhas.
E, do nosso testemunho,
semeamos histórias.
Semeamos algum sentido...
copyright HenriqueMendes
Me encanta tu poema, querido y admirado amigo: Sembrador y Poeta!!
ResponderExcluirHenrique,creio que "peguei" bem seu poema.Gostei.Parabéns.
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