21 de mar. de 2016

122 - EM CURSO






Aqueles tempos
que hoje mal ouso lembrar,
de lutas vagas
e sons tão fortes,
- que é feito deles?

Estarão contidos
naquilo que  sou?
Naquilo que, hoje, eu sou?
Ou perderam-se
nos  outros caminhos
em que a vida me lançou?


Houve o tempo das palavras.
Com elas os dias se enchiam de cor,
e flores inquietas ensaiavam outros destinos
mais nobres do que os campos,
em dias de primavera.

Com elas,
paixões  enchiam  peitos
e acendiam-se auroras
em olhos crédulos,
faiscando amor.

Com elas  se afagava a alma,
e se persuadia,
se argumentava e nutria
o som da vida a acontecer...

Depois houve todos os outros tempos.


Hoje, não há tempo.


FEV 2008 Foto St andré le Roux 1991



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