Eu encontro-te nos degraus das manhãs.
Escalo-te pelos
relevos mínimos que descubro diariamente,
meio adivinhados, meio tateados em caricias leves…
-Ensaios. Pontas de dedos, sondando etéreamente.
Sei-te nas coisas em que nunca te saberás, pequenas,
ínfimas,
e que um dia não
lembrarei mais,
de tão perdido de mim nesse olhar com que me olhas,
e onde um dia
navegarei oceanos de coisas
que também não precisarão serem ditas.
Eu murmuro-te no
vento, e persigo-te nas estrelas
do que poderiam ser madrugadas,
se em dias alvorecessem.
Mas também te escolho
noite…
E não te encontro mais,
apenas porque já te sou, como ainda te és.
Não teu, mas tú. E
sendo-te , sou.
Sou, de ti, a parte mais inalienável, refeita,
e também a mais prescindível.
Aquela que podes sempre
adormecer e recalcar,
remeter ao eco das memórias por viver,
e ser como fomos sempre: Nossos. Nossos!
Percorrendo os degraus
das manhãs…
Dias, mundos, e promessas de madrugada…
Portanto,
caminharemos indivisos na obscuridade
na risada cúmplice do descomprometimento das causas.
Não sabemos mais,
nenhum de nós,
rabiscar na névoa dos dias
rabiscar na névoa dos dias
uma assinatura que nos seja plausível sem sofrimento.
Misturemos letras, assinemos juntos.
Sejamos um, ao menos, por excepção do outro.
Um, Poeta, esperando a vez de ser gente.
Ou o outro, que lá vai sendo gente,
mas que nem sempre dá conta de ser Poeta…
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