Há um fim de verão, nas ondas do
meu mar...
Um calor que é meu, e diferente.
Que extraí e sintetizei, como seiva fosse,
das profundezas formidáveis dos
momentos.
E das andanças por lugares só meus,
que percorri de mãos dadas com um
fado
muito maior que o meu destino.
De andanças que agora são já caminhos.
Há , sim, um fim de Verão, nas
ondas do meu mar.
Mas sou já Outono.
Quente, ainda, e carregado
com todas as cores do Verão.
Sem folhas soltas correndo pelo chão, fenecidas,
arrastando-se sobre as pedras
lisas
com o som grave do fogo
crepitando nas fogueiras.
Porque minhas folhas , são sonhos
que o vento leva e,
e em cada uma delas, a minha
paixão desmesurada:
- meu grito de amor que nada,
nunca, igualará.
Por isso, minhas folhas irão
tendo de mim mais do que eu.
Levar-me-ão em todos os poemas
que eu for sendo,
e talvez por mim acendam estrelas,
raras,
semeadas únicas como diamantes,
dando vozes a silêncios e
madrugadas.
Acenderão luas e sombras
cúmplices.
Eternizarão brilhos de vela em
olhos lindos,
raízes de memórias em flor
ladeando trilhas de tempo.
Areias quentes em enseadas
de prata incontrastada.
Bosques de gestos frondosos,
regendo um enorme concerto
de milhares de ternuras subtis, sincronizadas
nas partituras voláteis dos momentos …
Talvez por isso, aquele tronco
desnudo lá na frente,
qual maestro pára-raios da estranheza,
ergue os braços regendo, sob um
luar de prata,
o coro sempre algo profano das
descobertas.
( Imperceptíveis na noite do deserto, alastrando-se,
dunas e véus diáfanos, toques de
veludo,
respirações pesadas, narinas de
camelos… )
E por isso, só por isso, jamais serei
Inverno.
Perfeito e inspirador, parabéns!
ResponderExcluirEstá muy claro querido Poeta Henrique Mendes, nunca serás invierno. Tus hojas siempre tendrán los colores del verano. Gracias por compartir este bellísimo poema.
ResponderExcluirPoema belo, de quem faz sua história e terá sempre um verão no coração. Abraços
ResponderExcluir