Caminhava pela vida normal afora
quando percebi toda a mentira...
Então corri depressa para o Café, sentei-me,
e deixei que se instalasse completamente
essa campânula transparente de isolamento elástico
que ainda não tinha visto antes,
e que, em mim, não passava de uma suspeita
-mas que realmente nos cerca, etérea,
roçando-nos em suave evanescência,
quase brilhante como
uma bola de sabão.
Ou que nos envolve
como uma aura,
para os mais místicos.
Que nos acompanha os gestos,
e permite tocar, cumprimentar,
sem inibir o tato, a carícia, o gesto intimo...
Mas que nos separa dos outros, tão cansados,
tão previsíveis, tão solitários em grupo...
- e tão fora da bola de sabão.
Foi assim que olhei a cidade e os passantes.
Pela primeira
vez com esses novos olhos,
preparados para ver bolas de sabão.
Não...
O sabor do café não mudou!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é precioso para mim!
Comente, por favor :