Não me
surpreendo por não ter sido ontem,
nem anteontem,
nem por esses dias,
que essa
memória se afastou de mim
e se aninhou
em algum canto onde deixei de ir.
Surpreendo-me
nessa descoberta simples,
mas tão...tão
trágica, dramática, quase obscena,
de haver em
mim – inimagináveis -
cantos recônditos, onde deixei de ir.
Profundos, e impossíveis de localizar
sem um
gatilho que temerariamente
mos apontasse,
como um
dedo nodoso, e feio.
Acusativo e predisposto
a um drama
ortopédico. Voilá...
Ou então
descobertos assim, singelamente,
num arrulho
de pomba-surpresa flanando.
Sons de ar
revolvido ao pousar na chegada,
num ciciar
prazenteiro de penas,
e aquele
arfar hesitante, questionável,
que ainda
não entendi
se vem de todas as coisas
antes de
acontecerem realmente,
ou se vem
de dentro de mim,
murmurando-lhes
boas vindas,
ao revê-las
mais uma vez...
Meu caro Henrique,
ResponderExcluirprazer revê-lo nas minhas páginas "blogueiras", obrigado pelas suas palavras.
Esse seu texto aqui é magistralmente reflexivo. Com efeito, o ser humano se interessa mais pelo visual de fora, mas se esquece de conhecer suas paisagens interiores. As imagens da última estrofe são memoráveis, bem dentro desse seu estilo único de falar de coisas complexas porém de maneira simples, quase informal.
Um belo texto, Henrique, meus parabéns!
Meu amigo Henrique,
ResponderExcluiràs vezes nos surpreendem os barulhos que se guardaram silentes em recônditos, que até então nos pareceram inacessíveis e eles chegam aos nossos ouvidos, assim quase que sorrateiramente, mas são tão sutis que mesmo que os tenhamos ouvido um dia, talvez não os tenhamos percebido. Então fica esta sensação de não sabermos se já aconteceram antes ou não, assim como você concluiu em seu magnífico texto. Um texto para ler e reler com prazer renovado.
Um abraço, amigo.
Celêdian