26 de out. de 2018

172 - SEMPRE ASSIM



De todas as vezes foi assim.
Começou por um perder-me de olhos vagos
ante a proximidade do infinito,
pelo corpo perdendo peso, erguendo-se,
espalhando-se pela luz dourada
do dia risonho.
As vozes do mundo foram surgindo,
soando com trinados de passarinhos,
e o vento cantava baixo
a alegria dos pólens e das flores,
perante a coreografia oscilante
das árvores, tímidas.
Foi então que a paz me inundou por dentro,
me mudou por dentro,
e na minha face nasceu em subtilezas,
num parto de instantes,
algo assim como um sorriso
- cheio de beatitude e de prazer.
Depois fui, aos poucos,
voltando à cadeira, à mesa coberta
com papel escrito, e
aos pensamentos áridos, hesitantes,
já dispersos pelo cheiro de café.
E nisso, cheguei a mim.
Optei por dizer-me “bom dia!”,
à falta de melhor…
Outro dia.


COPYRIGHTHENRIQUEMENDES/2018


.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é precioso para mim!
Comente, por favor :