Se às vezes
disse à noite que chegava o dia
foi sem
tristeza nem medo, nem nada assim.
Era apenas
outro momento chegando ao fim,
um instante
nascendo d'outro que se cumpria.
E se aos
segredos das noites contei segredos,
meus,
coisas que iam sobrando dos meus dias,
algumas
escritas soltas, prosas várias, poesias,
eram
prazeres em que divagava, não medos…
Já para os
dias ficava trazendo, em sentido inverso
memórias das
vielas e fados, da lua e das estrelas,
outros instantes.
Memórias subtis que, para tê-las,
tornei mais errante o passo e mais solto o verso.
Então, fui somando tudo isso que agora sou.
Tudo o que
me foi dando essa forma de olhar,
que é de Poeta,
às vezes, ou apenas um captar
de fadigas,
uma passagem para onde não estou.
E quando um
dia vier uma outra noite, escura,
donde não
colha memórias, nas ruas da cidade,
tentarei iluminá-la com estas histórias da idade,
até enchê-la
de instantes, para ver quanto dura…
CopyrightHenriqueMendes
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