Queria comprar um tablet, há uns
tempos atrás. Pesquisava a esse respeito num oceano de promoções todas elas
tentadoras, quando uma delas me atraiu olhar com uma frase simples, lançada
quase com displicência para o meio daquela efervescência toda, das marcas, dos
números, das vantagens: - Compre um dos
nossos, e ganhe dois milhões de livros.
Intrigou-me. E fez com que uma
outra questão acabasse por impor-se a tudo o que estava fazendo: - o livro, tal
como o conhecemos, que futuro terá ? Pesquisei um pouco mais, e acredito que acabei
comprovando uma frase de há muitos anos: “a inevitabilidade do futuro está
naquilo que já aconteceu”. Sim, é bem possível que esteja.
Na minha pesquisa, não sei se
válida, encontrei aqueles que acham que nada, nunca, virá a ocupar o lugar do
livro tradicional: - de papel, na estante ou no colo, agradável ao toque, com algum
eventuais anotações românticas escritas à mão entre as páginas amarelecidas…
Mas encontrei argumentos fortes, também,
acerca de florestas dizimadas em favor de livros que, aos milhões, são postos
de lado tão logo perdem a actualidade técnica. Encontrei imagens fortíssimas
de armazéns imensos cheios de caixas de
livros provenientes de doações, classificados, separados, esperando utilidade
em algum lugar que, aparentemente, tarda em surgir. Milhões também. Imagens que se repetem em várias cidades de
vários países lidando com esse mesmo problema de espaço, real e contundente,
impossível de ignorar, e de que se fala pouco.
Numa tentativa de resumo,
colocaria de um lado os que ainda estão discutindo a sua preferência pelo livro
escrito tradicional, ou pelo electrónico. Como se fosse estética – e não deixa
de o ser – ou emocional, essa escolha que parece ainda existir.
No meio, colocaria quem já me
oferece dois milhões de livros na compra do tablet, menor que um livro, e capaz
de os ler a todos… Cada um deles custando mais barato, sem custos ambientais tão visíveis, e quase com a mesma
portabilidade, além de outras vantagens e defeitos.
Razões pelas quais me questiono quem é quem, nesta crónica chamada mundo, que nós escrevemos, dia após dia...E para quem, depuradamente, criteriosamente, escrevemos nós afinal? Será sempre para um mesmo público, feito de nós próprios ? E valerá a pena ?
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