27 de set. de 2011

25 - VAGO


Queria um olhar límpido e vago,
 onde não houvesse mistérios,
mas apenas  a total falta de ansiedade
duma manhã  abrindo-se a outro nascer de sol.
Queria uma erva molhada e um cheiro de sonhos 
remanescentes, em azul profundo.
Campos atávicos entre montanhas
onde  nuvens impossíveis chorassem
 aves insuportáveis, em risos de ave.
E árvores, como dedos erguidos
a um céu impossível de se apontar.

.

3 comentários:

  1. A beleza da tua poesia, Henrique, que eu, ainda que de longe, não deixo nunca de ler (dependendo do momento, mais ou menos assiduamente), mantém-se inalterável. Direi, meu "velho" amigo, que, se possível, se tornou até mais bela, menos adjectivada, mais fluída.

    Um beijo do outro lado do mar grande
    tua amiga
    Mel

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  2. É uma desiderata profunda e muito lírica, com construções dignas de um imenso talento poético, esta que você nos dá aqui, meu caro Henrique. É texto denso e que exige releituras, reflexões.

    Misto de simbolismos muito pessoais, creio, e de imagens quase surrealistas, o seu poema impacta pela expressividade intrínseca que ele contém, pela força imagística da manifestação do sentimento, de um desejo que, mesmo que vago, é transcendente.

    Todo o poema é belo, luminoso, porém o dístico final, me perdoe, amigo, mas é digno dos melhores poetas que eu ainda conheço.

    Um forte abraço e minha admiração de sempre.

    André

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  3. Meu caro amigo Henrique,

    Nada é vago quando leio a sua poesia e ela sempre me remete à lugares, imagens,sons e lembranças nem sei de que ou de onde, talvez às mesmas nuvens deitando lágrimas sobre as montanhas e às mesmas aves tagarelando (tal maritacas) risos de escárnio, como se me roubasse o sossego.
    Intensamente belo!
    um abraço,
    Celêdian

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