Quando os ventos não sopram,
não há planícies onde searas ondulem
nem vales onde as árvores se curvem
aos assobios insistentes que as desfolham.
Não se formam redemoinhos fúteis
na poeira dos caminhos, quaisquer que sejam,
nem há folhas mortas que se escondam
pelos cantos mais esconsos dos lugares.
Não há montanhas que os impeçam
ou lhes mudem a trajetória inexistente,
e até as velas dos barcos pendem inúteis
no sem-propósito de uma ilusão.
Mas quando as searas se vergam em ondas
duma agitação elegante e sem ninguém,
em que a palha continua perdendo grão a grão
num prenúncio de misérias e de falta de pão...
Quando o azul dos céus torna ridículas
as queixas dos olhos, em lágrimas incompreensíveis
que logo secam, mal nascidas de algo que não se vê,
e logo desconexas de um motivo aparente...
Quando assim é, que não se inventem histórias
nem aceitemos como plausíveis ao instante
as explicações dos que disfarçam a verdade.
Não deixemos travestir aquilo que todos já sabem.
Mesmo quando o seu sopro permanece invisível,
sabemos que foi o vento. Foi o vento...
copyrightHenriqueMendes2018
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