Crónica do "big brother"
Na escola, enquanto almoçávamos, havia um sujeito que circulava por entre as mesas sempre atento ao que fazíamos e dizíamos. Não tinha nenhuma função, nenhum tipo de poder, nada. Mas sempre aparecia rondando, rondando, e ia interrompendo as conversas e dizendo pequenas coisas como " bom dia!" ou "boa tarde", só para garantir que estavam a vê-lo prestar atenção a tudo o que era dito.
Graças a tanta interrupção, todos começaram a calar-se quando ele se aproximava. Ou então falavam de coisas sem grande sentido, como a sopa, ou o tempo. Toda a gente se sentia desagradada por sentir-se assim observada, e logo a turminha mais irreverente lhe chamou "O Sinistro". Foi uma risota geral.
Mas a verdade é que ele teimou e, com isso, rapidamente foi promovido de "Sinistro" para "Agente Secreto", e a turminha riu mais ainda quando a alcunha se agarrou a ele como um carrapato que o acompanhava para todo o lado. Por fim, até quem não era cliente do refeitório só falava dele assim, como "Agente Secreto" que, sendo conhecido de todos, todos passaram a ignorar.
Por fim, o golpe de misericórdia veio de uma forma simples. Alguém se referiu a ele como sendo o "Fiscal da Sopa" e o título foi tão ridículo, colou tanto nele, que o sujeito nunca mais conseguiu intimidar ninguém.
Entretanto, o que nunca ninguém comentou a respeito do Agente Secreto foi que ele era realmente Sinistro. E que o título de Fiscal da Sopa se mostrou o retrato fiel da sua inutilidade.
Entretanto, o que nunca ninguém comentou a respeito do Agente Secreto foi que ele era realmente Sinistro. E que o título de Fiscal da Sopa se mostrou o retrato fiel da sua inutilidade.
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