23 de jul. de 2017

148 - NO ALTO DA MONTANHA DO ADEUS




No alto da montanha do adeus
há um grito rasgado e dolorido
feito do que não se escuta.
E um silêncio que se agiganta e
deixa por dizer o já sabido,
onde o desnecessário esmaga
os instantes do instante,
e o dilui no tempo.

Há uma espécie de noite
que invade  e amordaça
a claridade final dos destinos
que se cumpriram até ao cume.
E os cheiros?  Bem, os cheiros
evocam os caminhos percorridos
que, ali, chegaram ao fim.


No alto da montanha do adeus,
os gestos são estranhos,
um pouco reticentes  e inúteis,
como desculpas sobejamente
conhecidas.


Instala-se um silêncio
com poucos murmúrios, no vento:
-memórias que ainda tentam
uma vez mais repetir-se,
borbulhando lentamente e sem fé,
enquanto se vão fundindo
no caldeirão fuliginoso do tempo
rumo a um passado concluso.


No alto da montanha do adeus
fica o pico ermo e agreste,
inacessível,
onde cabe apenas um só.                                                


COPYRIGHTHENRIQUEMENDES/2017

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