Todos os dias surpreendo as minhas palavras.
Ignoro os esconsos dos meus caminhos tantos
e os sons frescos das madrugadas.
Caminho por eles com passos desconhecidos
num ritmo de vez primeira
em caricias tacteantes de vez primeira
esculpindo anseios em
gestos de luz.
Procuro-me onde estiver, sempre,
numa sucessão do que acabam por ser regressos
e bater de portas cinzentas
sem madrugadas alongando-se
contra o tempo
e contra a morte cruel do instante
que queria eternizado.
Todos os dias
as minhas palavras se torcem em versos
ruminam aquelas frases ditas de mil maneiras
até por mim mesmo, noutras horas,
e são cozinhadas neste sangue
que é um só, e espesso,
e único como um nascer de sol.
Todos os dias
me assino no tempo
e desenho indelévelmente esse traço
como uma corda que a vida vai tangendo
e dedilhando com unhas de artista
e que, ocasionalmente,
soa a mim.
Lisboa 3.06.2013
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