1 de jan. de 2018
158 - NOVO FIM
Quando o tempo se encolhe,
perde importância o que pouco importa.
Chegam respostas a perguntas esquecidas,
bordejando caminhos sem rumo claro,
como flores preciosas e acidentais
que definham por falta de atenção
depois de gritarem cores.
Rasgam-se cartas não escritas.
Guarda-se o papel que ninguém usou
e o envelope que permanece vazio,
onde não se colaram selos nem sonhos,
nem se escreveram destinos.
Arrumam-se cansaços antigos,
feitos de esperas e vigílias, espessos de
militâncias por valores e crenças maiores.
Levantam-se tapetes tranquilos
em busca de lixos escondidos
com aparências de normalidade.
Varre-se, prescinde-se, arruma-se,
esvazia-se, define-se um outro esquema
para o porvernir já menos distante.
Abre-se mão de medos, resistências,
lamentos, quezílias as mais diversas
-tudo em nome da leveza para a viagem
que começa já no próximo instante.
Percebem-se sombras fugazes,
mas quase sempre são esperanças
que nascem furtivas.
Faz-se um espaço vazio depois do ajuste,
como um berço onde embalar medos.
Mas é onde semeamos vontades
e desfraldamos velas, querentes de vento,
que nos levem pelo mar desconhecido
das travessias necessárias.
O novo ano começa fremente,
e há galopes na manada das horas
disparadas em todas as direções,
já perseguindo metas esquivas.
E por cima de tudo há uma campânula
de silêncio adivinhado onde, aos poucos,
hesitantemente, nos vamos reconhecendo
nos pequenos nadas que somos,
coisas tão nossas e inconfundíveis
como gestos íntimos.
E em toda essa agitação e alegria,
há mais um ano que ainda mal nasceu
mas que já caminha para o seu fim
-como sempre acontece.
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Así es mi querido amigo, apenas nacemos nos encaminamos hacia el final.
ResponderExcluirJunto con el año, Connie ! Un abrazo grande.
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