Às vezes perco-me de mim
e espalho-me por aí, nos acasos
de uma deriva sem rotas.
Aporto onde a mente me leva,
numa embriaguês de instantes,
apenas durante o tempo que ela precisa
para perder-se de si
e derivar também, como eu,
como se nos fundíssemos
e diluíssemos numa vaga maré
de algum oceano desconhecido,
banhando outras costas,
muito além do previsível e do necessário
- lá, onde não chegam as grandes questões
sem a menor importância.
Perambulamos nesse nada, difusos,
até que algo nos chame de volta
e nos traga até à consciência,
unos de novo.
Depois perdemo-nos como um só
nos detalhes do que a vida traz,
e súbitamente encontro-me comigo
num momento especial
nascido duma cronologia de instantes
mínimos que se somaram até
se concretizarem no meu espanto.
E tudo isso forma uma história,
uma narrativa independente
daquilo que o destino, afinal, é:
-o eterno espanto
de um regresso a nós.
COPYRIGHTHENRIQUEMENDES/2017
.
Por vezes o caminhar é pontilhado de idas e retornos, ou perdas e encontros. Assim aprendemos.
ResponderExcluirFascinante viaje a tu interior, con un regreso enriquecido por esa experiencia.
ResponderExcluirSí, Connie, sin dudas en el regreso siempre venimos más enriquecidos. Gracias por tu comentário.
Excluir