11 de out. de 2015

113 - SOCORRO






Não houve nenhum assobio baixinho,
como o vento faz nas frinchas das janelas.
Nem hastes de plantas,  inclinando-se em aviso,
postes oscilando luzes inúteis em vielas mais escuras ,
ou papéis voando misturados 
num caos de páginas não numeradas.

Foi apenas uma espécie de saudade

do espaço emocional mais curto,
menos estendido no tempo,
menos sujeito a efeitos de trama.

Saudade da coisinha que fica pronta,

em meia dúzia de linhas cujas emoções
crescem além das nossas que lhes deram vida.

Foi a sensação de falta desse olhar

tão benévolo, mesmo sendo crítico,
ou acre, não sendo doce,
e sempre doce, sendo de amor,
que se lança sobre o mundo
como uma escuridão de outras coisas,
e que nos isola, como se uma capa fosse,
do instante mais premente,
do projecto mais regrado e longo,
da prosa com um objectivo mais distante.

Já não me lembrava da solidão das folhas

amontoando-se para um livro.
Pude esquecer, sem senti-la, a fome
onde  nascem os poemas  de socorro...

Até hoje !

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