7 de mai. de 2012
42 - A VOZ QUE NÃO FALA DE AMOR
Não, não fala em códigos.
Nem canta o amor.
Não fala pássaro, nem árvore,
nem galho, ou folha, ou verde,
assíncrono na montanha
de todos os verdes.
Não diz palavras de vidro,
frágeis como momentos.
Suas palavras são profundas
como poços antigos
onde vicejam aveludadas sombras
e gestos, beijos, carícias
- ricas de ecos,
e prenhes de silêncios.
Fala fogo, diz vertigem,
freme vulcão rouco,
queima em lonjuras.
É mato rasgado em caminhos
por entre espinheiros e escolhas,
abertas como feridas, na voz,
sempre soando mais baixo
do que as palavras dizem amor.
Não, não há códigos.
E é o amor que canta a vida.
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Meu caro Henrique, todo poema que faz refletir é um bom poema. Seja pela profundidade do conteúdo, seja pela originalidade da idéia, seja pela beleza das construções. Quando um poema reúne tudo isso, ele é "mais que bom", ou seja, é ótimo, é excelente. Todavia, lendo e relendo (ousaria dizer saboreando) cada verso contido neste seu aqui, eu não posso deixar de acrescentar ainda um outro adjetivo, talvez o mais apropriado, para designá-lo para mim: é poema transcendente.
ResponderExcluirEle transcende mesmo a idéia (oh quão banalizada!) deste sentimento tão pouco compreendido que é o amor. Ele vai além. Um poema para poucos, muito poucos.
Um dia, e lhe pedirei por mail, gostaria de ter poemas seus entre os melhores dos melhores poetas que guardo comigo. Esse é um deles.
Meu forte abraço,
André
Meu amigo Henrique,
ResponderExcluirA voz que não fala de amor, vulgar e explicitamente, mas que internalizá-se sem sons ou ruídos com uma força descomunal e significados muito maiores do que é amor, nos versos de seu poema, é algo escandalosamente belo e profundo.
Uma construção poética de rara beleza.
um abraço
Celêdian