É a cabeça, e não o prego,
quem mantém unidas as partes.
A ferrugem cria um espaço próprio
na madeira que a desidratação mirrou.
É assim que o prego deixa de ser prego,
com a oxidação do tempo passante.
É assim que se desunem as peças,
nessa união tornada lassa.
E talvez o prego nem tenha culpa,
quando a cabeça lhe sobressai da tábua lisa.
Mas quando o talho surge na topada dolorosa,
num insólito de sangue pelo chão...
vem o esboçar de uma surpresa
que não existe realmente
... escolhe-se o silêncio, e despreza-se a culpa
sem reconhecer o parafuso que faltou.
O perdão presume-se implícito
no sofrimento subsequente.
COPYRIGHTHENRIQUEMENDES/2018
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