Fala-se tanto em perdão! Em como é preciso perdoar para ser perdoado. Em como é preciso perdoar para ficar em paz. Em como é preciso perdoar para se libertar de rancores e angústias que nos afligem. Leio, entendo e concordo. Mas preocupo-me.
Dei três exemplos, nas linhas anteriores, apenas três, e estou certo que são representativos do que é habitual ler-se hoje, um pouco por toda a parte. E nos três há uma espécie de negociação feita de perdoar para obter algo em troca: - Perdoar para obter perdão. Perdoar para atingir a paz. Perdoar para se libertar das angústias... Como se estivessemos usando uma má interpretação da lei do retorno, e buscando de antemão o retorno que pretendemos.
Em nenhum lado vejo defender que se deve perdoar por ser a coisa correta a fazer. A vida, o mundo, os outros, inevitavelmente nos agridem em um ou otro momento menos feliz. E o perdão é a única coisa que faz sentido e nos permite seguir adiante.
Perdoar, esquecer e recomeçar é a coisa correcta a fazer, simplesmente. E faz parte, ou deveria fazer, dos valores que a educação verdadeira, não o ensino escolar, transmite ou deveria transmitir até que, aprendido o conceito, passe a ser uma escolha interiorizada e se perdoe porque sim. Sem mais motivos.
Perdoar é, sim, um valor civilizacional, um acto educável e educado. E ser-se educado é bom, não careta - como alguns querem que acreditemos, para nos nivelar a todos por baixo.
Ser-se educado, e nesse contexto perdoar, é o que nos distingue!
Então, que se fale de perdão sim! E não apenas na ótica do que nos traz de lucro, mas também porque sim, porque é o que consideramos certo e educado fazer.
Depois disso, poderemos olhar melhor para um outro aspecto do perdão, de que também pouco se fala: o perdão que devemos a nós mesmos, e que é fundamental. Do tanto que precisamos perdoar-nos por tanto mal que nos fazemos - e aos outros.
Magnífica observación sobre el perdón, del que se dice también "es la llave de la felicidad". Un abrazo y felicitación por tu faceta filosófica.
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