20 de mar. de 2015

102 - DIA DO PAI






Não sei que horizonte, que medida chã,
que outro tempo, ventos e rumos,
canto no meu canto, de voz alterada.

No meu canto de costas guardadas,
por paredes de pedra forte e fria,
sem grilhões nem abraços.

No meu canto, caverna de dragão,
em confortos de dor profunda,
risos de felpas antigas sob a pele.

( Não sei  de  taças erguidas, hoje.
Sei de portas para sempre fechadas...
E de ruas que fiz com palavras,
cruzando toda uma cidade de destinos
que me são profanos, e hostis,
para levar mensagens que nunca serão lidas,
e outras que já nunca escreverei.)

Sei da chuva lavando as calçadas de pedra
como lágrimas colectivas,
onde as minhas nadam, campeãs.


19.03.2015
Foto: S. Gimigniano/Toscana/Italia

2 comentários:

  1. Sensível e inspirador, parabéns!

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  2. Dorothy Carvalho16/5/15 3:25 AM

    Deus meu, é muita responsabilidade comentar um poema deste quilate! De que tão clara alma, tão pura, íntegra. Não no normal das coisas pequenas, não, mas da vastidão donde às vezes eu nem alcanço. Fraternal abraço Henrique

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