Não vejo que a cidade tenha mudado.
Continua existindo em sombra e luz,
ruas alegres e becos tristes.
Vielas onde " o tempo quando passa,
demora mais tempo a passar! "
Às vezes, os faróis dos carros
desenham sorrisos rápidos na noite,
e ficam notas de música no ar
quando se vão
rumo a não se sabe onde,
como se o o seu destino fosse
não ter um destino conhecido.
Outras vezes, em vidros sós,
brilham lágrimas de chuva fria,
que não escorrem.
Perlam instantes, e vão-se eternizando
num suspense dramático aos sentidos,
enquanto acrescentam um propósito
a esses vidros que não veríamos
de outra forma, traídos
pela sua transparência.
São gotas que aguardam mais gotas
para juntas escorrerem obedientemente
até ao chão estéril, de asfalto e calçadas.
Atrás de si
deixam um leve rasto molhado no vidro,
que parece ignorá-las,
um leve vestígio da sua existência
que depois se evapora
e a torna invisível.
Não, não creio que tenha mudado
a cidade.
Talvez esteja mais fácil.
Sei onde não quero ecos
dos meus passos.
E hoje não passeio tanto,
apenas cruzo atento.
E sei que nos mesmo prédios
de sempre, cheios de vida,
gentes se reúnem e encontram,
se abraçam e beijam,
se odeiam e amam como sempre.
Sei que os mesmos amantes se aguardam
em ansiedades que imaginam únicas,
porque todo o amor é único
e singelo, e dolorido
como os suspiros
que nem sabemos ter em nós.
Há choros e cantos, louvores, lamentos,
quartos onde a música toca baixinho,
passos nus na escuridão da noite,
corpos fundidos em hipóteses furtivas,
sombras cúmplices e luzes cruas
de vez em quando.
Mas não, a cidade não mudou!
Talvez eu tenha mudado,
apesar de a cidade e da vida
se repetirem como sempre
numa indesmentível beleza
avassaladora
aos olhos dos Poetas.
Continua existindo em sombra e luz,
ruas alegres e becos tristes.
Vielas onde " o tempo quando passa,
demora mais tempo a passar! "
Às vezes, os faróis dos carros
desenham sorrisos rápidos na noite,
e ficam notas de música no ar
quando se vão
rumo a não se sabe onde,
como se o o seu destino fosse
não ter um destino conhecido.
Outras vezes, em vidros sós,
brilham lágrimas de chuva fria,
que não escorrem.
Perlam instantes, e vão-se eternizando
num suspense dramático aos sentidos,
enquanto acrescentam um propósito
a esses vidros que não veríamos
de outra forma, traídos
pela sua transparência.
São gotas que aguardam mais gotas
para juntas escorrerem obedientemente
até ao chão estéril, de asfalto e calçadas.
Atrás de si
deixam um leve rasto molhado no vidro,
que parece ignorá-las,
um leve vestígio da sua existência
que depois se evapora
e a torna invisível.
Não, não creio que tenha mudado
a cidade.
Talvez esteja mais fácil.
Sei onde não quero ecos
dos meus passos.
E hoje não passeio tanto,
apenas cruzo atento.
E sei que nos mesmo prédios
de sempre, cheios de vida,
gentes se reúnem e encontram,
se abraçam e beijam,
se odeiam e amam como sempre.
Sei que os mesmos amantes se aguardam
em ansiedades que imaginam únicas,
porque todo o amor é único
e singelo, e dolorido
como os suspiros
que nem sabemos ter em nós.
Há choros e cantos, louvores, lamentos,
quartos onde a música toca baixinho,
passos nus na escuridão da noite,
corpos fundidos em hipóteses furtivas,
sombras cúmplices e luzes cruas
de vez em quando.
Mas não, a cidade não mudou!
Talvez eu tenha mudado,
apesar de a cidade e da vida
se repetirem como sempre
numa indesmentível beleza
avassaladora
aos olhos dos Poetas.
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