Os Poetas não cantam o que são.
Nem são o que cantam. Por isso não partem nem ficam, apenas estão.
Rodeiam-nos por toda a parte.
Estão em alguns tipos de sorriso efémero. No amanhecer de alguns dias, ou nas
gotas de água sobre alguma pétala duma hipotética flor. Ou talvez na emoção que
se ocultava nas neblinas de um momento vago. Eles são qualquer uma dessas
coisas, ou outra, em todos os matizes que a vida tem.
Num repente se incendeiam e brilham
intensamente, revelando-se, e levando longe a beleza mágica do seu canto, como uma luz dourada
que vai aos poucos inundando os recantos
ermos do que era apenas monotonia e silêncio. E depois remetem-se outra vez à
paz da sua quietude.
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