28 de fev. de 2016

119 - VENTO NA AREIA




O vento soa areia entre as hastes das plantas
sem folhas, no topo das dunas.

Apaga os sinais dos passos dos passarinhos,
passinhos pequeninos, pequeninos,
em lógicas estranhas de passeios sem rumo.

Ah…São improvisos ao sol crú, branco como papel!
Máculas nesse azul tão impossível,
desse fundo de túnel, lá em cima,
visto em confortos de casaco quente...
Lá onde às vezes sorriem nuvens indo,
só indo, indo…Nessa espécie de brincadeira cruel
de assustar-me com céus possíveis,
de outras cores.

Dia estranho!
Assinou-me o vento naquela areia,
assim, marcado a sombras.
Um traçado de corpo num areal
sob um céu quase imaculado
onde às vezes passavam nuvens, indo.

E eu só escutava a areia, que o vento
fazia soar entre as hastes
das plantas sem folhas no topo das dunas,
rodeado por pegadas de passarinhos.



Imóvel e em silêncio.



texto: Henrique Mendes / Fev 2016