Ou talvez ela não exista.
Talvez nem haja,
entre o cume e a nossa vontade,
um caminho maior que os primeiros passos,
de entre tantos ascendendo sempre.
E todos eles sob o encantamento
desse ritmo atávico da estrada longa,
inescapável, e a perseguição
errática
das folhas perdidas pelos outonos
que nos acompanham.
( Ou, quem sabe, dos dois, movendo-se
lânguidos, numa orgia lenta
de divindades estranhas.)
Ou então não passam de restos,
apenas,
poeiras e folhas, ou memórias e
momentos,
brisas e coisas assim mais simples
e sem graça mais profunda,
como frutos de acasos
e porque sim’s.
E do caminho nascido dos passos
andando,
do cume ermo e estreito,
agora sem subida e sem momento,
nem paisagem que não seja de descida,
talvez não precisemos mais
do que o mero tempo
para um gesto vago, de adeus.
Mesmo que não tenha importância
para que lado o aceno acontece, ou a
quê,
ou a quem, ou qual a história perdida,
tão frágil e única, que fica por
contar.
Ou que outra, subindo a montanha,
tecemos em fios de ouro e fiapos de
sonhos
maiores que as nuvens amarelas
dos desertos sem pegadas nem limites…