3 de fev. de 2014

94 - FINAL DE VERANO ( en español )



Hay un final de verano, en las olas de mi mar.
Un calor que es mío y diferente.
Que he extraído y sintetizado, como si savia fuera,
de los abismos  formidables de los momentos.
De las andanzas por lugares solo míos
que recorrí de manos dadas con un fado
mucho más grande que mi destino.
De andanzas que ahora son ya caminos.
Hay, sí, un final de verano, en las olas de mi mar.
Pero ya soy Otoño.
Caliente, todavía, y cargado
con todos colores de Verano.
Sin hojas sueltas corriendo por el suelo, marchitas,
arrastrándose sobre las piedras lisas
con el sonido grave del  fuego crepitando en las hogueras.
Porque mis hojas, son sueños que el viento lleva y,
a cada una, mi pasión desmesurada:
- mi grito de amor que nada, nunca, igualará.
Por eso, mis hojas irán teniendo de mí más que yo mismo.
Me llevarán en todos los poemas que yo alcanzar a ser,
y tal vez por mí enciendan estrellas, raras,
sembradas únicas como diamantes,
que darán voces a madrugadas y silencios.
Encenderán lunas y sombras cómplices.
Eternizarán brillos de vela, en lindos ojos,
y serán como raíces de memorias en flor
flanqueando veredas de tiempo.
Arenas calientes en  ensenadas de plata incontrastada.
Bosques de gestos frondosos, rigiendo un enorme concierto
de miles de ternuras sutiles, sincronizadas
por las partituras volátiles de los momentos…
Tal vez  por eso,  aquel tronco desnudo allá adelante,
como un maestro, pararrayos de la extrañeza,
yergua sus brazos, rigiendo bajo la luna  plateada
el coro siempre algo profano
de las descubiertas ya hechas.

(imperceptibles  en la noche del desierto, propagándose,
dunas y velos  diáfanos, toques de sedas y terciopelos,
respiraciones pesadas, narinas de camellos
caminando silenciosamente… )

Y por eso,
quien sabe se solamente por eso,
jamás  seré  Invierno…



2 de fev. de 2014

93 - DEGRAUS NAS MANHÃS




Eu encontro-te nos degraus das manhãs.
Escalo-te  pelos relevos mínimos  que descubro diariamente,
meio adivinhados, meio tateados  em caricias leves…
-Ensaios. Pontas de dedos, sondando etéreamente.

Sei-te nas coisas em que nunca te saberás, pequenas, ínfimas,
e  que um dia não lembrarei  mais,
de tão perdido de mim nesse olhar com que me olhas,
 e onde um dia navegarei  oceanos de coisas
que também não precisarão serem ditas.

Eu murmuro-te  no vento,  e  persigo-te  nas estrelas
do que poderiam ser madrugadas,
se  em dias alvorecessem.
Mas também te  escolho  noite…
E não te encontro mais,
apenas porque já te sou,  como ainda te és.
Não teu, mas tú.  E sendo-te , sou.

Sou, de ti, a parte mais inalienável, refeita,
e também a mais prescindível.
Aquela que podes sempre  adormecer  e  recalcar,
remeter ao eco das memórias por viver,
e ser como fomos sempre:  Nossos. Nossos!
Percorrendo os  degraus das manhãs…
Dias, mundos, e promessas de madrugada…

Portanto,
caminharemos indivisos na obscuridade
na risada cúmplice do descomprometimento das causas.
Não sabemos mais,  nenhum de nós, 
rabiscar na névoa dos dias
uma assinatura que nos seja plausível sem sofrimento.
Misturemos letras, assinemos juntos.
Sejamos um, ao menos, por excepção do outro.
Um, Poeta, esperando a vez de ser gente.
Ou o outro, que lá vai sendo gente,
mas que nem sempre dá conta de ser Poeta…



1 de fev. de 2014

93 - FIM DE VERÃO





Há um fim de verão, nas ondas do meu mar...

Um calor que é meu, e diferente.
Que extraí  e sintetizei, como seiva fosse,
das profundezas formidáveis dos momentos.
E das andanças por lugares só meus,
que percorri de mãos dadas com um fado
muito maior que o meu destino.

De andanças  que agora são já caminhos.

Há , sim, um fim de Verão, nas ondas do meu mar.
Mas sou já Outono.
Quente, ainda, e carregado
com todas as cores do Verão.
Sem folhas  soltas correndo pelo chão, fenecidas,
arrastando-se sobre as pedras lisas
com o som grave do fogo crepitando nas fogueiras.
Porque minhas folhas , são sonhos que o vento leva e,
e em cada uma delas, a minha paixão desmesurada:
- meu grito de amor que nada, nunca, igualará.

Por isso, minhas folhas irão tendo de mim mais do que eu.
Levar-me-ão em todos os poemas que eu for sendo,
e talvez por mim acendam estrelas, raras,
semeadas únicas como diamantes,
dando vozes a silêncios e madrugadas.
Acenderão luas e sombras cúmplices.
Eternizarão brilhos de vela em olhos lindos,
raízes de memórias em flor ladeando trilhas de tempo.
Areias quentes  em  enseadas de prata incontrastada.
Bosques de gestos frondosos, regendo um enorme concerto
de milhares de ternuras subtis,  sincronizadas
nas  partituras voláteis dos momentos …

Talvez por isso, aquele tronco desnudo lá na frente,
qual maestro pára-raios da estranheza,
ergue os braços regendo, sob um luar de prata,
o coro sempre algo profano das descobertas.

( Imperceptíveis  na noite do deserto, alastrando-se,
dunas e véus diáfanos, toques de veludo,
respirações pesadas, narinas de camelos… )


E por isso, só por isso,  jamais serei  Inverno.



92 - ACUARELA ( versão em espanhol de aguarela, nº 79 deste blog )




Si tuviera que pintar en colores
esta vida de la que no hablamos nunca,
escogería un tono muy oscuro
para las peleas y frustraciones.

Y habría tal vez otro,
cargado de esperanza, necesitado,
un verde bosque, abriéndose
a flores de otros colores.
Y los amarillos y naranjas del sol,
espaciados en acasos,
con azules  puros como el cielo
entre nubes intermitentes
y caprichosas.

Y un blanco
espino como el alma,
donde el destino escribiese
por la mano de alguien,
un desparramo de cariño
y palabras únicas
- Por toda la eternidad

de los momentos...